Assim como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o governador Ronaldo Caiado sinalizou preocupação com a possibilidade de o presidente Lula da Silva vetar trechos importantes do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, o Propag. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad teria levado a Lula a sugestão de vetar medidas do projeto que causariam impacto no resultado primário das contas da União. Os vetos prejudicariam, diretamente, Estados como Goiás e Minas Gerais, que anseiam pelo aval final do programa.
O Propag foi criado para promover a revisão dos termos das dívidas dos Estados e do Distrito Federal com a União e, na prática, flexibiliza o teto de gastos e altera o índice de correção das dívidas estaduais.
Para Goiás, o programa representaria um “alívio econômico”, levando em conta a flexibilização do teto e o consequente incremento de R$ 3 bilhões no volume de recursos disponíveis para investimentos. Contudo, destaca-se: não só a necessidade de investimentos, Ronaldo Caiado já se coloca como pré-candidato a presidente da República em 2026, e cada passo seu a partir de agora, de investimentos em seu próprio Estado a articulações políticas, deve ter projeção nacional e servir de degrau em seu projeto eleitoral.
Da mesma forma, Zema, o governador mineiro, tem pretensões políticas para 2026 e, apesar de ainda evitar o tema, já é visto como possível candidato a presidente, ou a vice, no ano que vem – há quem diga que o mineiro pode pleitear até a vaga de vice na chapa de Caiado para o Palácio do Planalto.
A possibilidade de veto por parte de Lula de trechos basilares do projeto é lida, por alguns, como uma represália justamente aos maiores interessados, tais quais Zema e Caiado, justamente pelo projeto político em desenvolvimento. Diga-se de passagem, Lula também é pré-candidato para 2026 – o petista deve concorrer à reeleição. Ao frustrar a expectativas dos governadores quanto ao Propag, o chefe do Executivo federal blindaria a União, beneficiando sua própria imagem, e colocaria “pedras no caminho” de Caiado e Zema.
O presidente tem até esta semana para sancionar o Propag. Aguardemos os próximos passos. (T.P.)
