O pastor Darci Alves Pereira, anteriormente presidente do PL em Medicilândia (PA), está sendo desfiliado do partido após ter perdido sua posição na presidência. Ele teve participação na morte de Chico Mendes. O presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, anunciou a decisão em suas redes sociais. A assessoria de Valdemar não especificou se o pedido de desfiliação partiu do próprio Darci ou se foi iniciativa do partido.
“Informo a todos que Darci Alves já foi destituído do cargo e o pedido de sua desfiliação já foi encaminhado ao TRE local”, declarou Valdemar no início da tarde desta quarta-feira (28) através de comunicado. Nas redes sociais, Darci se apresentava como pré-candidato a vereador. Com sua desfiliação, caso persista em concorrer, ele terá que buscar filiação em outra sigla.
Chico Mendes tinha 44 anos quando foi morto com um tiro no peito, em 22 de dezembro de 1988, no quintal de sua casa, em Xapuri (AC). Dois anos depois, em um contexto de forte pressão nacional e internacional pela elucidação do caso, Darci Alves Pereira se entregou à polícia.
Ele confessou o crime em diferentes ocasiões, inclusive diante do Tribunal do Júri de Xapuri, no dia 12 de dezembro de 1990 (Veja vídeo abaixo, em 3´35´´). Seis anos depois, Darci mudou sua versão novamente e negou ter cometido o crime, conforme reportou o jornal Folha de S.Paulo, à época.
Assassinato de Chico Mendes
A nomeação de Darci Alves Pereira como presidente do PL em Medicilândia ocorreu no final de janeiro. O site ((o))eco divulgou a informação, com uma reportagem reproduzida na RBA. Darci Alves Pereira tem condenação de 1990 a 19 anos de prisão pelo assassinato de Chico Mendes, um líder seringueiro, em um caso que teve grande repercussão internacional.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem, Valdemar Costa Neto alegou que não estava ciente do passado do dirigente. No entanto, o comunicado não mencionou a saída de Darci do partido. Então, agora se torna uma realidade após o anúncio do presidente nacional do PL.
“Pastor Daniel”
Darci Alves Pereira se estabeleceu em Medicilândia após cumprir parte da pena pelo assassinato do líder sindicalista, na década de 1990. Na cidade, porém, nem todos o conhecem pelo nome de batismo.
“Em Medicilândia não é todo mundo que sabe que ele é o Darci que matou o Chico Mendes, pra você ter uma ideia. Ele utiliza outro nome, a gente conhece ele por Daniel”, disse uma moradora, que preferiu se manter no anonimato, por receio de represálias.
Segundo a moradora, Darci Alves Pereira, ou “Daniel”, é considerado um cidadão de bem no município e região. “Ele é uma pessoa que todo mundo conhece e respeita muito […] Ele é conhecido por ser um líder na comunidade, por doar dinheiro pra igreja, doar dinheiro para os mais necessitados, é um bom pai, é um bom esposo. É isso o que a comunidade fala”, explicou.
De acordo com ela, os “mais poderosos” sabem do passado de Darci, mas isso não o deprecia. Pelo contrário, diz. “Ele não carrega a alcunha do assassino do Chico Mendes. Do ponto de vista das pessoas daqui, ele é como se fosse um herói. Essa é a narrativa usada, ele é a pessoa que conseguiu matar o cara que estava travando o desenvolvimento.”
Convertido à igreja evangélica há alguns anos, Darci Alves atualmente se apresenta como “Pastor Daniel” e atua na Assembleia de Deus da Última Hora.
Assim como fazia sua família no Acre antes do crime, Darci mantém em Medicilândia uma fazenda produtora de cacau e gado.