O advogado Rodrigo Tacla Duran questionou, por meio de uma postagem no Twitter nesta quarta-feira (24), o fato de o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) ter participado dos episódios que levaram ao afastamento do juiz Eduardo Appio dos processos da Operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. Appio foi retirado do posto cautelarmente na segunda-feira (22) pela Corte Especial Administrativa do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
“Por que uma pessoa estava pronta para gravar vídeo de suposto trote telefônico sem identificação? Depois o Russo entrega p/ o pai do sócio instruir processo adm no TRF-4 p/ voltar a juíza que forjou competência de operação que diz que o Russo foi ameaçado…”, questiona Duran.
Russo é o apelido pelo qual o ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, se referia ao colega Sergio Moro, segundo divulgado pela Vaza Jato em 2019.
João Malucelli gravou ligação
Ontem, o próprio Moro afirmou em entrevista à GloboNews que foi ele que denunciou o suposto telefonema de Appio ao filho do desembargador Marcelo Malucelli. O desembargador é pai de João Eduardo Barreto Malucelli, sócio de Moro e da mulher, Rosângela Moro, no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, em Curitiba. Foi João que gravou o telefonema.
“Fiquei sabendo e fiquei perplexo. Recolhi o material e entregamos ao Tribunal. E depois disso, me distanciei”, declarou Moro. “Não pode um juiz ligar para alguém e ameaçar. Vamos passar pano só porque o filho do desembargador tem relação comigo?”
Appio teria feito a ligação a João Malucelli, filho do desembargador, na qual solicitava informações sobre seu pai. A suposta ligação foi interpretada como uma intimidação ou ameaça (ouça em reportagem do Metrópoles).
A volta de Hardt
Também à GloboNews, mas na segunda (22), Eduardo Appio confirmou que usava a senha “LUL2022” para acessar o sistema da Justiça Federal, mas negou ser petista. Com seu afastamento, ele foi substituído nos processos da Lava Jato, interinamente, pela juíza federal Gabriela Hardt.
A magistrada foi quem já havia substituído Sergio Moro em 2018, quando ele pediu exoneração da Justiça Federal para assumir o Ministério da Justiça de Bolsonaro (PL). No cargo, Hardt proferiu a sentença de que condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia. Na sua sentença, havia trechos copiados da sentença em que Moro condenou Lula no caso do triplex. Todas as condenações contra Lula foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).