Em processo de reconstrução de sua história política e pessoal, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha, do Patriota, abriu conversações com o presidente do MDB e vice-governador de Goiás, Daniel Vilela.
De acordo com um aliado de Mendanha, a primeira conversa entre Daniel Vilela e Mendanha teria sido “altamente positiva”. “Gustavo está feliz por ter reaberto o diálogo com Daniel Vilela. Ele é um garoto do bem e não é ressentido”, afirma um ex-auxiliar.
O possível retorno de Mendanha ao MDB não será por baixo, como “soldado” ou “cabo”, como se costuma dizer. Será pelo alto. Sua posição será ao lado de Daniel Vilela. Por mais que tenham divergido em 2022, eles são, politicamente, “hermanos”. Ambos se apreciam. Não se enterra o passado com facilidade, mas o passado “positivo” entre os dois é maior do que o passado “negativo”.
É evidente que 2026 está longe, até muito longe. Porém, a volta de Mendanha ao MDB o cacifa para voos altos na política de Goiás. A tendência é que Daniel Vilela seja candidato a governador, com Gracinha Caiado, do União Brasil, e Mendanha disputando as duas vagas para senador na base governista. E, dada a força de cada um, somada à estrutura da aliança, a tendência é que os três sejam eleitos.
Há também a possibilidade de, em 2024, Mendanha apoiar Leandro Vilela, do MDB, para prefeito de Aparecida de Goiás.
Uma candidatura de Leandro Vilela, sobrinho de Maguito Vilela, seria, por assim dizer, uma retomada da aliança de Mendanha com os Vilelas.
No momento, em termos de sucessão municipal, há um vazio imenso na política de Aparecida. Porque o prefeito Vilmar Mariano, do Patriota, não conseguiu ocupar o espaço, exceto oficialmente — é o prefeito —, deixado por Mendanha. É como se, de alguma maneira, o prefeito ainda fosse Mendanha.
Por não ter deslanchado, Vilmar Mariano terá dificuldade na reeleição e há quem cogite, inclusive no seu próprio grupo político, que poderá não disputar em 2024. Ele abriria espaço para o deputado estadual Veter Martins disputar a Prefeitura de Aparecida.
É difícil um prefeito renunciar a uma candidatura, porque a máquina pública tem peso decisivo em eleições, mas, se estiver muito desgastado em 2024, dificilmente Vilmar Mariano terá como se colocar na disputa. Veter Martins surge, por isso, como uma opção mais leve e palatável.
Com o apoio de Mendanha, Vilmar Mariano teria alguma chance de se reeleger. Porque o ex-prefeito é o maior general eleitoral do município, tanto que, em pesquisas espontâneas, seu nome aparece muito bem, em primeiro ligar, disparado.
Mas a aliança de Mendanha com Daniel Vilela reconfigura a política de Aparecida. Porque, se o ex-prefeito bancar a candidatura de Leandro Vilela, o novo postulante passa a ter trunfos. Primeiro, será o candidato de Mendanha — e isto será seu principal trunfo. Segundo, será o candidato que tem ligação com Maguito Vilela e com Daniel Vilela. Terceiro, possivelmente terá o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil.
Então, com tantos apoios, Leandro Vilela pode despontar, de uma hora para outra, como favorito.
Há outros nomes no jogo. Descontente com o partido Republicanos, que só o apoiou parcialmente para senador, o ex-deputado federal João Campos pode ser candidato a prefeito bancado pelo PSD do ex-deputado federal Vilmar Rocha. Ele tem circulado pela cidade, que tem um grande eleitorado evangélico (o ex-parlamentar é da Igreja Assembleia de Deus-Vila Nova). Não é um candidato fraco, porém, sem o apoio de Mendanha, perderá substância.
O PSD tem um nome consolidado na cidade: o ex-deputado e engenheiro Max Menezes.
O presidente da Câmara Municipal, André Fortaleza — tido como marconista —, também planeja ser candidato a prefeito. Falta-lhe, porém, estrutura política. Polêmico, ele é visto como um político que não agrega. O prefeito Vilmar Mariano, para citar um exemplo, não o tolera.
Há um pré-candidato forte a prefeito: o deputado federal Professor Alcides Ribeiro, do PL. O parlamentar e empresário, bem avaliado em Aparecida, chegou a conversar com Mendanha sobre a possibilidade de uma aliança contra Vilmar Mariano (que está demitindo os aliados do ex-prefeito) ou contra Veter Martins. Os dois ficaram de ampliar o diálogo. Porém, o recente encontro entre Mendanha e Daniel Vilela pode mudar o eixo das discussões políticas em Aparecida.
Vale ressaltar que, a um ano e cinco meses das eleições, ninguém está parado e todos os políticos que realmente contam estão articulando. Mas, se há conversações sobre alianças, não se pode concluir que já estão definidas. Estão se definindo — o que é outra história.
Frise-se: está entrando gente nova no jogo político de Aparecida. É um fato. Porém, isto não quer dizer que os demais postulantes saíram ou poderão sair do jogo. O que se pode sugerir é que o número de candidatos tende a diminuir se Leandro Vilela for mesmo confirmado como pré-candidato, com o apoio do Mendanha. (E.F.B.)