Há cada vez mais sinais de que o conflito entre Israel e o Hamas está se espalhando pelo Oriente Médio.
Os Estados Unidos lançaram na sexta-feira (2/2) os primeiros ataques de retaliação contra milícias apoiadas pelo Irã, quase uma semana após a morte de três soldados americanos.
Washington atacou a Força Quds do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) e milícias afiliadas no Iraque e na Síria, em sete locais no total. Os bombardeiros atingiram 85 alvos individuais, segundo autoridades de defesa americanas.
Antes disso, no fim de janeiro, três soldados americanos morreram e pelo menos 40 ficaram feridos em um ataque com drones na Jordânia, perto da fronteira com a Síria. O grupo autodenominado Resistência Islâmica no Iraque reivindicou a autoria do ataque.
"Ataques com aviões não tripulados contra bases americanas vêm sendo frequentemente realizados por essas milícias apoiadas pelo Irã, mas este foi o mais grave", afirmou o repórter de segurança da BBC Frank Gardner.
A Casa Branca afirma que o Irã está por trás desta e de outras operações. Já o governo iraniano nega a acusação.
O professor de Relações Internacionais Fawaz Gerges, da London School of Economics and Political Science (LSE), na Inglaterra, disse à BBC, antes da retaliação americana, que "existe o perigo real de que a guerra em Gaza se torne um conflito regional mais amplo".
"A grande questão é que a estratégia de dissuasão do presidente Biden fracassou", disse.
A expansão do conflito é considerada uma derrota da estratégia americana dos últimos meses. Seu objetivo era evitar a escalada do conflito na Faixa de Gaza para os países vizinhos.
Nos EUA, o presidente Joe Biden vem sendo criticado por adversários do Partido Republicano sobre o momento e a contundência da resposta do país.
Segundo especialistas, no entanto, a abordagem dos EUA permitiu ao Irã retirar pessoal, evitando potencialmente um conflito mais amplo entre EUA e Irã na região neste momento.
Neste contexto, um dos elementos que tornam a situação ainda mais complexa na região é que existe uma série de organizações ativas espalhadas por diversos países da região.
O ataque que matou três soldados americanos é um exemplo – ele foi perpetrado por uma rede de organizações e não só por um único agente, apontam especialistas.
"O grupo autodenominado Resistência Islâmica no Iraque faz parte de uma vasta rede de milícias apoiadas pelo Irã, que foram armadas, financiadas e treinadas pelo Corpo da Guarda Revolucionária iraniana", explica Frank Gardner.
"Com operações na Síria, Iraque, Líbano e Iêmen, eles se opõem à presença militar tanto de Israel quanto dos Estados Unidos na região", acrescenta o repórter da BBC.
Pouco depois do ataque do Hamas em território israelense, em 7 de outubro, e da resposta militar de Israel que se seguiu sobre a Faixa de Gaza, os Estados Unidos transportaram navios de guerra para o mar Mediterrâneo, advertindo todas as partes envolvidas a não escalonarem o conflito.
Mas os ataques já ultrapassaram em muito o esperado.
"A realidade é que existe fogo ardendo em diversas frentes", destaca a chefe dos correspondentes internacionais da BBC, Lyse Doucet.
A seguir, entenda quais são essas frentes.
A fronteira entre Israel e o Líbano enfrenta um equilíbrio precário há anos, desde o fim da guerra entre os dois p