Seis anos depois do fim oficial da Minustah, a operação militar de paz liderada pelo Brasil no Haiti, brasileiros devem voltar a atuar na área de segurança do país caribenho, que vive um colapso das instituições, com grande parte da capital, Porto Príncipe, sob controle de cerca de 160 gangues.
Dessa vez, porém, o Brasil não pretende mandar tropas das Forças Armadas Brasileiras para atuarem sob o manto dos conhecidos capacetes azuis, marca das missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo ao menos cinco embaixadores brasileiros ouvidos pela BBC News Brasil, o governo brasileiro está decidido a fornecer treinamento à Polícia Nacional do Haiti (PNH).
"Há, de fato, o comprometimento do governo brasileiro como um todo em apoiar a capacitação das forças de segurança do Haiti. É uma iniciativa que vem sendo coordenada pelo Ministério de Relações Exteriores em conjunto com a Agência Brasileira de Cooperação e com a Polícia Federal (PF)", afirmou à BBC News Brasil o delegado Valdecy Urquiza, diretor de Cooperação Internacional da Polícia Federal (PF).
Discutida há meses em Brasília, a disposição teria sido comunicada ao primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, pelo próprio presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante uma conversa entre os dois líderes no dia 22 de junho, em Paris, na França, segundo fontes ouvidas pela BBC News Brasil.