O Coletivo GangArt lançou o vídeo-dança “Juntas Somos + Fortes”, disponível no YouTube até o dia 15 de dezembro. A produção utiliza o estilo de dança jamaicano Dancehall Queen para abordar a força e as vivências de mulheres negras, evidenciando suas histórias e potências tanto na vida quanto na dança.
Ao Jornal Opção, a diretora geral e artística do projeto, Gleyde Lopes, explica que escolheu a linguagem do Dancehall Queen porque o grupo é intérprete e estuda a cultura Dancehall a um bom tempo. “O Dancehall Queen dentro da Cultura Dancehall é uma parte que traz um grande empoderamento para as mulheres negras cis e trans. Infelizmente na Jamaica, ainda hoje, as mulheres trans e travestis, e as relações homoafetivas, como toda as siglas LGBTQIAP+ são colocadas como criminosas e muitas dessas pessoas vivem no esgoto por falta de apoio e por ainda serem maltratadas no país. As pessoas LGBTQIAP+ são chamadas de Gully Queens, simplesmente por serem quem são. E como praticantes do Dancehall não concordamos com essas aborgadens”, explica.
O vídeo integra uma iniciativa financiada pela Lei Paulo Gustavo, com recursos operacionalizados pelo Governo Federal em parceria com o Governo de Goiás e a Secretaria de Estado da Cultura. A proposta do trabalho é destacar a representatividade e a força feminina negra no cenário artístico, utilizando a dança como meio de expressão e celebração.
“O DHQ por se tratar de uma dança com bastante quadril, bastante rebolado, movimentos de abertura e acrobacias trazem essa fortaleza feminina. De mostrar para nós acima de tudo que somos dona do nosso corpo, donas de nós mesmas, e podemos fazer com o nosso corpo, o que desejamos”, afirmou Gleyde.
Para ela, a sociedade se incomoda porque “Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” (Angela Davis).
“Somos esse movimento vivo que movemos a sociedade, e queremos continuar movimentando a estrutura ao nosso redor. Partindo do micro para que alcance o macro”, finalizou Gleyde Lopes.
A produção pode ser assistida no canal do Coletivo GangArt no YouTube, disponível neste link.
Juntas Somos Fortes e Coletivo GangArt
Sob a direção geral e artística de Gleyde Lopes, o projeto conta com a interpretação de Amanda Silva, Flávys Guimarães, Samyra Reis e Thaís Silva, além da tradução em Libras feita por Jack Reis. A captação e edição do material foram realizadas pela equipe da Inverted Lab, com apoio da Tocca Arena Hub e da Boate Roxy.
O Coletivo GangArt é uma produtora artística que reside e atua em Goiânia, Goiás. Abordando estéticas e referências urbanas e dança, com trabalhos levantando pautas como negritude e/ou identidades de gênero e sexualidade. O grupo nasce com o objetivo inicial de promover arte, performance e urbano, bem como a produção artística, ideia central que originou o próprio nome. Um dos pilares do GangArt é a busca da empregabilidade de artistas e produtores de dança. Além disso, agregar pessoas pretas e/ou comunidade LGBTQIA+ em sua equipe técnica e de artistas é outro ponto fundamental do coletivo.
Mais da metade da população no Brasil é negra, e ter pessoas negras protagonistas de suas histórias é necessário tanto para os artistas quanto para a sociedade enquanto representatividade. “Além de se tratar de uma cultura negra, e de não reproduzir preconceitos e ações homofóbicas no nosso trabalho, acreditando que com esse trabalho tendo mulheres cis e trans estamos lutando por um lugar em que todes podem ser quem são”, pontua Lopes.