Um 7 de setembro mais do que especial especial para o esporte paralímpico brasileiro. No Dia da Independência, o Brasil alcançou a melhor campanha de sua história em diversos parâmetros, como número de medalhas, de ouros e de pódios num só dia.
Confira:
MELHOR DIA – Com um empurrão decisivo de três ouros, uma prata e um bronze no último dia do judô, o Brasil alcançou o melhor dia já registrado em sua história nos Jogos Paralímpicos. Foram 16 medalhas neste sábado: 6 ouros, 3 pratas e 4 bronzes.
MAIOR QUANTIDADE – O país acumula agora 86 medalhas, com 23 ouros, 25 pratas e 38 bronzes. Superou com folga a melhor campanha até então em número de pódios, 72, que havia sido registrada tanto em Tóquio (2021) quanto no Rio de Janeiro (2016).
MAIOR EM OUROS – Para estabelecer definitivamente um novo patamar para o esporte paralímpico nacional, o Brasil também superou a melhor campanha em número de ouros. O sarrafo era de 22, estabelecido em Tóquio, no Japão, em 2021. O Brasil já encerrou o dia com 23.
TOP 6 INÉDITO – Com isso, o quadro de medalhas provisório dos Jogos Paralímpicos registra outro recorde. O Brasil aparece no Top 6 do mundo, atrás apenas de China, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Holanda e Itália. Até então, o melhor resultado já registrado pelo país em Jogos Paralímpicos é a sétima colocação em Tóquio, há três anos.
TOP 4 NO TOTAL – No critério de quantidade de medalhas, o Brasil figura na quarta posição, atrás de China, Grã Bretanha e Estados Unidos.
MULHERES NO TOP 4 – As mulheres da delegação nacional conduziram o país a horizontes grandiosos. São responsáveis por mais de metade das medalhas e por metade dos ouros do país. Dos 23 ouros, 12 são femininos e 11, masculinos. Das 86 medalhas, 42 são femininas e 40, masculinas. As outras quatro são em categorias mistas da natação e do tiro esportivo. No quadro específico das mulheres, as brasileiras aparecem em quarto, atrás de China, Grã-Bretanha e Estados Unidos. São 12 ouros, 12 pratas e 18 bronzes.
PÓDIO EM 12 DE 20 – Um dos sintomas da abrangência da excelência nacional é que o país subiu ao pódio em 12 das 20 modalidades em que teve representantes. Em três esportes, as medalhas foram inéditas, casos do badminton, do tiro esportivo e do triatlo.
100% DE BOLSA ATLETA – Em comum a todas as medalhas do Brasil na França, a presença do Bolsa Atleta, o programa de patrocínio direto do Governo Federal. Dos 280 atletas brasileiros em Paris, 274 integram o programa do Ministério do Esporte (97,8%), incluindo todos os atletas medalhistas.
JUDÔ INÉDITO – A campanha do Brasil nos tatames de Paris foi a melhor da história do país em Jogos Paralímpicos. O Brasil terminou na primeira colocação do quadro geral de medalhas da modalidade, com oito pódios: quatro ouros, duas pratas e dois bronzes. Cinco das oito medalhas vieram neste sábado, 7 de setembro.
Confira o resumo do dia:
WILIANS COROA CICLO PERFEITO – O paraibano Wilians Araújo, 32 anos, conquistou sua primeira medalha de ouro em Jogos Paralímpicos. Prata no Rio 2016, o judoca derrotou na final da categoria acima de 90kg, da classe J1 (cegos totais ou com percepção de luz), Ion Basoc, da Moldávia, por ippon. Wilians bateu nas quartas de final Yerlan Utepov, do Cazaquistão, por ippon. Já na semifinal, derrotou Ganbat Dashtseren, da Mongólia, também por ippon.
Emocionado na saída do tatame, Wilians dedicou o título à família e à simbologia de uma pessoa cega conseguir vencer pelo esporte. “É tudo pela minha filha. Eu quero que ela tenha muito orgulho ao saber que o pai que ela tem, uma pessoa com deficiência, conseguiu vencer através do esporte”, afirmou o brasileiro, que também falou rapidamente sobre a luga da final. “O Utepov é muito difícil, é um cara de quem eu já tinha perdido uma vez em maio. Estava 3 x 1 pra mim e agora consegui 4 x 1 na hora certa. É muito bom fazer essa história, construir essa história”, completou o brasileiro.
Wilians foi praticamente perfeito no ciclo até Paris. Ele foi ouro no Mundial de Baku 2022, prata nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; ouro nos Jogos Mundiais da IBSA 2023 e ouro no Pan-Americano do Canadá 2022. Wilians é o terceiro homem brasileiro a ganhar um ouro paralímpico no judô. O primeiro foi Antônio Tenório , que conquistou quatro medalhas douradas nos Jogos de Atlanta 1996, Sidney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008. O segundo foi Arthur Silva, também em Paris, minutos antes de Wilians, na categoria até 90kg. O peso-pesado perdeu a visão aos 10 anos em um acidente com tiro de espingarda e começou a praticar judô em 2009. Ele tentou, mas não se adaptou à natação e ao futebol de cegos, tendo melhor desempenho no tatame.
BILHO DE ARTHUR – Em sua terceira participação em Jogos Paralímpicos, o potiguar Arthur Silva, 32 anos, conquistou sua primeira medalha paralímpica, e logo no lugar mais alto do pódio. O brasileiro venceu na final da categoria até 90kg da classe J1 (cegos totais ou com percepção de luz) o britânico Daniel Powell, por ippon. Arthur Silva bateu nas quartas de final Turgun Abidiev, do Uzbequistão, por ippon, e na semifinal venceu o turco Yasin Cimciler, também por ippon. No Rio 2016, ele havia terminado na 7ª colocação, e em Tóquio 2020 na quinta. “Gratidão total a Deus, a minha família, a todos os profissionais e parceiros de treino que estão junto comigo desde 2007. Finalmente chegou a hora”, celebrou.
Arthur teve um ótimo ciclo até Paris. Ele foi prata nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, prata nos Jogos Mundiais da IBSA 2023, e bronze no Mundial de Baku 2022. O potiguar é o segundo homem brasileiro a ganhar um ouro paralímpico no judô. O primeiro foi Antônio Tenório, que conquistou quatro medalhas douradas nos Jogos de Atlanta 1996, Sidney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008. Alana Maldonado, em Tóquio 2020 e Paris 2024, é a única mulher a conquistar o ouro na modalidade para o Brasil.
Arthur teve retinose pigmentar e começou a perder a visão aos 2 anos. Aos 18, ficou cego. Antes disso, na adolescência, quando não conseguia mais jogar futebol ou andar de bicicleta por causa da cegueira, começou a treinar judô. Gostou da modalidade e passou a se dedicar somente a ela.
REBECA CONFIRMA FAVORITISMO – Número um do ranking mundial, a paulista Rebeca Silva, de 23 anos, derrotou a cubana Sheyla Hernandez Estupinan, número dois, na final da categoria acima de 70kg para atletas J2 (baixa visão). Rebeca é estreante em Jogos Paralímpicos. Tinha como principais títulos o bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, em 2023, e o bronze no Mundial de Bacu, no Azerbaijão, em 2022.
“Muito orgulho ter ganhado a medalha de ouro com minha família aqui presente. Meu pai, minha mãe, meu irmão, minha cunhada, todos. Eu não estou acreditando ainda. Eu só mantinha uma frase na cabeça: não desista, não desista, vá até o final. Era só isso, e era só isso que eu escutei até agora, não desista”, disse Rebeca, que teve uma virada nos últimos segundos da luta semifinal contra a italiana Carolina Costa. Na estreia, nas quartas de final, ela superou Dursadaf Karimova, do Azerbaijão, por ippon.
Na decisão, a luta foi muito parelha. A cubana tomava sempre a iniciativa, e Rebeca administrava a distância com bons contra-ataques. Em um deles, a brasileira conseguiu um waza-ari. O volume da cubana, contudo, levou a brasileira a levar duas punições. Com uma a mais, seria desclassificada. No minuto final, Rebeca conseguiu novo contra-ataque numa entrada da adversária e imobilizou a cubana por dez segundos, tempo suficiente para garantir o segundo waza-ari e o ouro em Paris.
PRATA DE ERIKA – A sul-mato-grossense Erika Zoaga conquistou a prata na final da categoria acima de 70kg da classe J1. Ela só perdeu para a ucraniana Anastasiia Harnyk, número 1 do ranking mundial, por ippon. No caminho até a decisão, a atleta brasileira deixou pelo caminho a venezuelana Yoccelin Sanabria nas quartas de final e a turca Nazan Gunes, número três do mundo. Nas duas lutas, venceu por ippon.
BRONZE DE CASANOVA – O gaúcho Marcelo Casanova garantiu mais uma medalha para o judô brasileiro ao derrotar com um wazari o italiano Simone Cannizzaro na disputa do bronze da categoria até 90kg para atletas J2 (baixa visão). Marcelo é estreante em Jogos Paralímpicos. Tem deficiência visual em decorrência do albinismo. Começou na modalidade aos nove anos por insistência do pai, que já praticava o esporte.
RAYANE, COMO UM RAIO – Ouro, recorde mundial e paralímpico e a consolidação de um novo fenômeno do atletismo paralímpico brasileiro. A maranhense Rayane Soares conquistou o título dos 400m T13 (atletas com deficiência visual) numa prova brilhante, em que não deu chances às adversárias.
Rayane completou a volta completa na pista do estádio olímpico com 53s55, novo recorde mundial e paralímpico, seguida por Lamiya Valiyeva, do Azerbaijão, que cumpriu a distância em 55s09, e pela portuguesa Carolina Duarte (55s52). A marca anterior durava desde 1995 e pertencia à norte-americana Marla Runyan, com 54s46.
“Eu estava muito confiante. Sentia que era meu momento. Eu me via no pódio, pegando medalha de ouro. Eu pedia o tempo a Deus para me dar força e coragem, porque treinada eu estava. É muita, muita, muita alegria e gratidão e felicidade. Estou sem palavras”, celebrou a brasileira, que nasceu cega por causa de uma microftalmia bilateral congênita, que é a má-formação nos globos oculares. Ela entrou no esporte paralímpico em 2015.
Essa foi a segunda medalha de Rayane nos Jogos de Paris. Ela conquistou a prata nos 100m da classe T13. A atleta esteve nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e teve um ciclo fenomenal até Paris. Foi ouro nos 200m, prata nos 100m e bronze nos 400m no Mundial de Kobe 2024, além de ouro nos 100m e 400m nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023, e bronze nos 400m no Mundial Paris 2023.
JERUSA SOBERANA – Ouro nos 100m e agora, ouro nos 200m. A acreana Jerusa Geber, 42 anos, unificou os títulos as provas mais velozes do atletismo neste sábado, ao vencer os 200m T11, destinada a deficientes visuais, com 24s51. O tempo iguala o recorde paralímpico da britânica Libby Clegg, que fez a mesma marca nos Jogos Rio 2016. Essa é a sétima medalha de Jerusa em Jogos, sendo dois ouro, duas pratas e três bronzes.
A prata ficou com a recordista mundial da prova, a chinesa Liu Cuiqing, que fez o tempo de 24s86, e o bronze com Lahja Ishitile, da Namíbia, com o tempo de 25s04. “Eu nem estou acreditando, isso nunca aconteceu. Eu vim para cá me cobrando muito pelos 100 metros, porque era a nossa prova. Não é nossa especialidade. A gente venceu a recordista mundial na prova. A China ficou para trás dessa vez. Estou sem acreditar até agora, gente”, festejou Jerusa Geber.
A acreana nasceu cega e, ao longo da vida, fez algumas cirurgias que possibilitaram que ela enxergasse um pouco, mas aos 18 anos voltou a perder totalmente a visão. Conheceu o esporte paralímpico aos 19 anos a convite de um amigo também deficiente visual. Em 2019, se tornou a primeira atleta cega a correr os 100m abaixo dos 12s.
DOBRADINHA NOS 200M – Na prova dos 200m T37, dobradinha brasileira e uma briga pelo ouro definida na foto oficial. O fluminense Ricardo Mendonça foi prata e o paulista Christian Gabriel, bronze. Ricardo cruzou a linha de chegada com 22s71, apenas dois décimos atrás do russo Andrei Vdovin, que compete sob bandeira neutra, que cravou 22s69. Christian Gabriel completou o pódio com 22s74. Outro brasileiro na prova dos 200m T37, Bartolomeu Chaves, o Passarinho, terminou em quarto lugar, com 23s22.
SALTO DE BRONZE – Estreante em Jogos Paralímpicos, o sul-mato-grossense Paulo Henrique dos Reis conquistou a medalha de bronze no salto em distância da classe T13 (deficiência visual). Com o seu melhor salto na temporada, ele atingiiu 7,20m e garantiu o terceiro lugar no pódio. O título ficou com o Orkhan Aslanov, do Azerbaijão, que teve como melhor marca 7,29m, e a prata foi de Isaac Jean-Paul, dos Estados Unidos, que fez os mesmos 7,20m do brasileiro, mas teve uma segunda melhor marca na competição melhor que a de Paulo Henrique.
“Cara, felicidade imensa, primeiramente eu queria fazer agradecimentos à minha família, minha mãe, esposa, filho, que está com dois aninhos, todos torcendo por mim lá no Brasil. Agradecimento também ao Sesi, ao CPB, a todos os programas que nos fortalecem, como o Bolsa Atleta e a Bolsa Pódio, que são muito importantes. Agora eu não passo fome porque estou levando a bolachinha para casa”, brincou, em referência à medalha.
BRONZE DE RUAN – O paulista Thomaz Ruan conquistou a medalha de bronze na final dos 400m T47 (amputados de braço). Ele fez o tempo de 47s97 e chegou atrás somente de Ayoub Sadni (47s16) e Aymane El Haddaoui (46s65). Foi a segunda participação de Thomaz em Jogos. Em Tóquio 2020, foi prata na mesma prova.
MARIANA É BICAMPEÃ – A paulista Mariana D’Andrea, de 26 anos, conquistou neste sábado o bicampeonato no halterofilismo na categoria até 73kg. Em Paris, Mariana levantou 148kg e estabeleceu um novo recorde paralímpico da modalidade. A medalha dela foi a de número 450 do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos.
A paulista, que é a mulher com baixa estatura mais forte do mundo, aumentou em 11kg sua carga em relação ao que suportou em Tóquio 2020. O pódio também teve Ruza Kuzieva, do Uzbequistão, que levantou 147kg, e Sibel Cam, da Turquia (120kg).
Desde a conquista em Tóquio, as marcas de Mariana seguiram evoluindo. Em agosto de 2023, a paulista se tornou a primeira medalhista de ouro brasileira na categoria adulta em um Mundial da modalidade, em Dubai 2023. O título foi atingido com ela competindo na categoria até 79kg e erguendo 151kg.
Ela também conseguiu outros resultados expressivos, como o ouro na categoria até 73kg nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; o ouro na categoria até 73kg na Copa do Mundo de Dubai 2022; e o ouro na etapa de Tbilisi da Copa do Mundo 2021. Mariana tem nanismo. Seu atual técnico, Valdecir Lopes, a viu na rua, em 2015, e a convidou para praticar halterofilismo.
PRATA E BRONZE NA CANOAGEM – O piauiense Luís Carlos Cardoso ficou com a prata na prova KL1 200m da canoagem. O brasileiro encerrou a distância em 46s42, superado apenas pelo húngaro Peter Kiss (44s55). O bronze foi para o francês Remmy Boulle (47s01). Na mesma modalidade, o paranaense Miqueias Rodrigues conquistou o bronze nos 200m da classe KL3 (usa braços, tronco e pernas na remada). Ele completou a prova com 40s75. O ouro ficou com o argelino Brahim Guendouz, com 39s91, e a prata com o australiano Dylan Littlehales, que marcou 40s68. É a primeira medalha paralímpica de Miqueias, estreante em Jogos.
BRONZE NO FUTEBOL DE CEGOS – A Seleção Brasileira de futebol de cegos venceu a Colômbia por 1 x 0, na Arena Torre Eiffel, e ficou com o bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. O gol foi marcado por Jefinho. Com o resultado, o Brasil continua com um histórico absolutamente hegemônico na modalidade. São cinco títulos e um bronze. A seleção nunca perdeu uma partida em Jogos Paralímpicos. Agora, são 32 jogos, com 24 vitórias e oito empates. Em Paris, o Brasil foi eliminado nos pênaltis pela Argentina, após empate sem gols no tempo normal. Na decisão, a França ficou com o título. Após um empate em 1 x 1 no tempo normal, os donos da casa venceram nos pênaltis por 3 x 2.
BRONZE DE LÍDIA NA NATAÇÃO – A carioca Lídia Cruz conquistou a medalha de bronze nos 50m costas S4, destinada a atletas com limitações físico-motoras, com o tempo de 52s00. Esta é a terceira medalha da nadadora em Jogos Paralímpicos, todas conquistadas em Paris. O ouro ficou com a grega Alexandra Stamatopulou, que fez 50s12, e a prata com a alemã Gina Boettcher, que fez 51s40. Lídia tem mielomeningocele, má-formação na coluna, que afeta os membros inferiores. Na adolescência, teve uma lesão encefálica que afetou os movimentos dos membros superiores. A natação paralímpica entrou na vida da jovem durante o processo de reabilitação.
Agência Gov | via Planalto