Crianças do Projeto Social Alvorada, ONG que tem como embaixadora a skatista Rayssa Leal, se reuniram na manhã deste domingo (28) para acompanhar a atleta na final do skate street feminino durante as Olimpíadas de Paris. A entidade fica em Imperatriz, cidade natal da atleta.
O projeto une esporte e educação para atender crianças e adolescentes de 7 a 15 anos em situação de vulnerabilidade social. Em novembro de 2023, Rayssa Leal entregou mais de 80 skates para as aulas práticas da modalidade.
O projeto une esporte e educação para atender crianças e adolescentes de 7 a 17 anos em situação de vulnerabilidade social. — Foto: Diulia Souza/ Grupo Mirante
Para o estudante Nicolas Tavares, a iniciativa da Rayssa Leal sempre foi muito importante para o desenvolvimento do projeto.
'Hoje apoiamos a nossa atleta maranhense Rayssa Leal, que é embaixadora do projeto. Ela sempre está acompanhando o nosso desenvolvimento incentivando ainda mais nas nossas aulas de skate. Rayssa é um exemplo de garra para todos nós, e é por isso que sempre vamos torcer por ela', disse Nicolas.
A cada manobra que Rayssa Leal acertava, as crianças e adolescentes do projeto vibravam com alegria e orgulho da atleta. E é claro que a galera não escondeu a torcida principalmente quando ela ganhou a medalha de bronze representando o Brasil.
Emily Silva, de 9 anos, tem Rayssa Leal como sua maior inspiração e é por causa dela que começou a treinar skate.
'A Rayssa visitou o nosso projeto no ano passado e fez uma demonstração de algumas modalidades de skate como ollie, nollie, flip. Ela é demais! Vibrámos muito com a medalha de bronze que ela conquistou’, afirma Emily.
Em agosto de 2023, a atleta doou mais 80 skates para o Projeto Social Alvorada — Foto: Divulgação
Além do Skate, o projeto oferece aulas de futsal, judô, balé e também reforço escolar para os alunos que estão com dificuldades na escola. O projeto atende 9 municípios maranhenses, com mais de 200 alunos.
Medalha de Bronze
Rayssa Leal conquistando a medalha de bronze — Foto: REUTERS/Pilar Olivares
Rayssa Leal estava em casa no Parque Urbano La Concorde. Com as arquibancadas cheias de torcedores brasileiros, a atleta recebeu apoio em todos os momentos da final do skate street feminino. Era o palco perfeito para fazer história – outra vez. Com somatório de 253,37, Rayssa conquistou a medalha de bronze no skate street dos Jogos de Paris e, aos 16 anos, se tornou a brasileira mais jovem a subir ao pódio em edições diferentes de Olimpíadas. Ela tinha conquistado a prata em Tóquio 2020.
– Coisa linda. Na final, fiquei muito feliz. Consegui fazer meu melhor. Estava muito cansada, mas completei as manobras – comemorou Rayssa, já com o bronze no peito.
O novo recorde de Rayssa – superando Neymar, que tinha 24 anos quando subiu ao pódio na segunda edição de Olimpíadas seguida – se somou a outro que ela alcançara em Tóquio. A prata na capital japonesa fez da skatista a medalhista mais jovem da história do Brasil, com 13 anos e 203 dias – uma marca ainda não superada.
A decisão do skate street feminino teve dinâmica idêntica à das eliminatórias, também disputadas neste domingo. Cada uma das oito finalistas pôde dar duas voltas (ou corridas) na pista do Parque Urbano La Concorde, e só a maior nota (de 0 a 100) foi levada em consideração. Depois, as competidoras tiveram direito a cinco tentativas de manobras (diferentes das mostradas nas corridas), com as três piores avaliações descartadas.
Origem
Atleta Rayssa Leal — Foto: Helena Petry/COB
Jhulia Rayssa Leal nasceu em Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, no dia 4 de janeiro de 2008. Com 16 anos e 1,60m de altura, a promessa brasileira começou praticar o skateboard aos seis anos de idade, após receber um skate de aniversário de um amigo de seu pai.
Antes mesmo da conquista da medalha olímpica, Rayssa já havia viralizado no Youtube, em setembro de 2015, quando recebeu o apelido de “fadinha do skate”. No vídeo, a menina aparece vestida com uma fantasia de fada azul, andando de skate com os amigos, em um local onde outros atletas estavam realizando um desafio de manobras, conhecido como "best trick".
Nas imagens, ela tenta duas vezes executar o "heelflip", uma manobra em que a skatista salta com o skate, dá um giro inteiro para o lado e volta a pisar no shape, mas não consegue. Quando coloca as asas de fada que completavam a caracterização, na terceira tentativa, ela acerta a manobra com perfeição.
O vídeo viralizou nas redes sociais e chamou a atenção de Tony Hawk, um dos maiores ídolos da história do skate. O campeão mundial compartilhou o vídeo em suas redes sociais, com a legenda: “Eu não entendo muito disso, mas é incrível: um heelflip com um toque de conto de fadas no Brasil.”
Atualmente, Rayssa estuda em uma escola particular no Maranhão, e é uma adolescente que precisa conciliar a rotina de atleta profissional, campeonatos, entrevistas e campanhas comerciais com aulas, trabalhos e provas. No final de 2023, Leal precisou fazer as provas de fim de ano antes dos colegas para poder conciliar com o Super Crown, uma das competições mais relevantes do esporte.
Rayssa é a mais jovem medalhista olímpica brasileira, quando conquistou, com 13 anos, a medalha de prata no skate street, nos Jogos de Tóquio 2020, ano de estreia da modalidade. Na edição, a Fadinha fez a sua primeira participação olímpica e surpreendeu o mundo pela sua simpatia e espírito esportivo. A menina foi flagrada em diversos momentos torcendo pelas outras atletas concorrentes durante a competição. Na ocasião, além da medalha, Rayssa também venceu o "The Visa Awards", prêmio que reconhece o atleta que mais representou os valores olímpicos durante os Jogos.
Rayssa Leal é a terceira colocada no ranking das melhores skatistas de street do mundo, e a mascote da torcida canarinho. A jovem, apesar da pouca idade, não para de bater recordes. Aos 11 anos, se tornou a skatista mais nova a conquistar uma final do Mundial de Skate Street feminino, em cima de nomes experientes como Letícia Bufoni, tetracampeã mundial, e Pâmela Rosa. Com 15 anos se tornou a primeira mulher a ganhar uma nota 9 no Super Crown da Street League de Skate (SLS) 2023, nota mais alta da história da competição.
Em maio de 2024, Leal conquistou a medalha de ouro na etapa da China do Pré-Olímpico de skate, em Xangai, em cima das japonesas Liz Akama e Coco Yoshizawa (segundo e primeiro lugar do ranking mundial, respectivamente). Com o resultado, a Fadinha, definitivamente, carimbou seu passaporte para Paris.
A cidade das Olímpiadas também deu sorte para a brasileira: em fevereiro deste ano, a skatista conquistou a medalha de prata na etapa de Paris da Street League, competição que reuniu as melhores atletas do mundo. No fim de abril, os resultados foram ainda melhores e Rayssa Leal foi campeã da etapa de San Diego da principal liga de skate street do planeta.