Partidos e pré-candidatos têm mais apenas três dias para definirem suas chapas. Após o término das convenções partidárias, no dia 5 de agosto, ainda será possível que candidatos desistam da disputa e passem a apoiar ex-adversários; portanto, as coisas ainda poderão mudar. Ainda assim, as convenções partidárias são eventos importantes no processo eleitoral porque representam o fechamento de acordos entre diferentes partidos — e a política, afinal, significa justamente a negociação em prol de uma candidatura que represente interesses sociais.
Em Goiânia, nos aproximamos da reta final das eleições com oito pré-candidatos a prefeito e três pré-candidatos a vice-prefeito. Já é possível descrever quais grupos políticos devem apoiar cada nome, explicar as razões da força de cada pré-candidato e prever as movimentações dos próximos dias.
A deputada federal Adriana Accorsi (PT) oficializou nesta sexta-feira, 2, o ex-reitor do Instituto Federal de Goiás (IFG) Jerônimo Rodrigues (PSB) como seu vice. Entre os pré-candidatos a prefeito, é Accorsi quem possui o maior número de partidos em sua base: PT, PMB, PCdoB, PV, Rede, PSOL e PSB. Entretanto, encontrar um vice não foi tarefa simples, conforme revelou reportagem do Jornal Opção.
A primeira alternativa dos articuladores da campanha era um nome de centro, que pudesse emular a “frente ampla” que elegeu Lula da Silva (PT) em 2022. Para essa tarefa, foi escolhido o presidente municipal do PSB em Goiânia, Vinicius Cirqueira, que é um político de centro, com bom relacionamento com o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Bruno Peixoto (UB). Entretanto, Cirqueira acabou preterido por ter problemas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A despeito de ser benquisto pelo PT, o professor Jerônimo Rodrigues não estoura a bolha. Vem da educação — um setor que já apoia Adriana Accorsi em peso. Seu apoio não amplia a frente e a coalizão termina por ser mais de esquerda do que as pré-candidaturas adversárias (com exceção daquela do Professor Pantaleão, do UP). Como resultado, Accorsi corre o risco de polarizar a disputa em um eventual segundo turno, unindo adversários.
O segundo pré-candidato que conta com o apoio de mais partidos é Sandro Mabel (UB): Podemos, DC, Avante, Agir, MDB e UB, com possibilidade de fechar apoio do PRD, Republicanos e PP até a próxima segunda-feira. Conforme adiantado pelo Jornal Opção, o deputado estadual Henrique César (Podemos) ganha proeminência como possível vice, a ser confirmado em convenção partidária na segunda-feira.
Henrique César é pastor e genro do decisivo e incontornável bispo Oídes José do Carmo (presidente da Convenção das Assembleias de Deus de Goiás). Ele é da Igreja Assembleia de Deus-Campinas. Incluí-lo na chapa pode ser uma boa estratégia para diminuir a força de Vanderlan Cardoso (PSD) entre os evangélicos.
Apesar de ter reunido partidos numerosos (e partidos populosos, como o MDB e UB, que compõem a base do governo estadual), Sandro Mabel se aproxima da disputa sem ter convencido dois partidos chave a desistir da disputa. Um deles é o PSD de Vanderlan Cardoso, pré-candidato com que divide perfil e eleitorado. Outro partido é o PL de Fred Rodrigues, mas, para este, talvez ainda exista oportunidade.
Reportagem do Jornal Opção revela que Mabel e a base do governo estadual ainda lutam para trazer o PL, possivelmente para a vice. O obstáculo é o presidente estadual do PL, Wilder Morais, que teria vetado a composição do Partido Liberal com a base do governo estadual — provavelmente pensando na disputa de 2026. Até a definição em convenção, Fred Rodrigues permanece como pré-candidato a prefeito da capital.
O PL busca composição com o partido Novo, que tem Leonardo Rizzo como pré-candidato. O Novo, por sua vez, estuda se irá compor a chapa do PL ou a do senador Vanderlan Cardoso. Neste leilão pela melhor posição em chapas alheias, cai o número de pessoas que aposta na consolidação da candidatura própria de Leonardo Rizzo na próxima segunda-feira, quando o partido realizará sua convenção.
Pela força da máquina, o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) reuniu quatro partidos em apoio a sua pré-candidatura: Solidariedade, PDT, Mobiliza e (provavelmente) PRTB, que pode realizar uma convenção conjunta com o Solidariedade no sábado, 3. Aliados do prefeito já afirmam que, neste ponto, sua candidatura é mais uma forma de garantir espaço para que Rogério Cruz defenda os feitos de sua gestão do que uma tentativa de ganhar novo mandato de fato.
Três pré-candidatos provavelmente vão oficializar chapas puras. Um deles é Professor Pantaleão, do Unidade Popular, partido que realiza convenção partidária neste sábado. Outro, Matheus Ribeiro (PSDB), que deve oficializar como vice Bartira Macedo (PSDB), professora de direito da Universidade Federal de Goiás (UFG). Na segunda-feira, é provável que a convenção do PSD anuncie outro membro do partido para compor a candidatura de Vanderlan Cardoso.
No caso de Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso, é interessante notar como os pré-candidatos que ocupam as primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto têm feito pré-campanhas tímidas. Talvez, o fato de aparecerem bem nas pesquisas tenha os levado a evitar o desgaste da exposição. Entretanto, chegamos ao ponto de inflexão. Até aqui, os eleitores ainda não estavam motivados com a disputa eleitoral, mas agora, a campanha vai se impor em suas vidas. O eleitorado será forçado a ouvir jingles, ver propagandas, parar em carreatas. O efeito do recall vai reduzir e o debate das propostas vai começar. As pesquisas se transformarão rapidamente.