O rio Purus, que banha o município de Beruri, onde ocorreu a tragédia, é um dos que constam do levantamento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal, sobre os rios em situação crítica, com vazão abaixo da média.
O professor da Ufam ressalta que, quanto maior a seca do rio, que é periódica, e mais alto for o barranco, maior a força da gravidade exercida. "Em geral, há sinais de que isso vai acontecer e as pessoas conseguem sair, o rio espuma e racha na margem", explica.
⚠️ Embora ainda não seja possível fazer uma análise da sucessão de fatores, o pesquisador da USP pondera que as secas influenciam na criação de rachaduras no solo, que podem intensificar os deslizamentos.
“A seca pode gerar trincas no solo, que está pressionado por estar encharcado. Essas trincas podem contribuir para um primeiro desbarrancamento e, como está tudo muito instável, qualquer coisa pode causar um deslizamento, que acaba sendo mais intenso”, explica Marinho.
🔥🌊 A seca prolongada e fora do normal nos rios da Amazônia, que tem castigado milhares de moradores na região, está relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte.
Apesar de os reflexos dos dois fenômenos ocorrerem em regiões diferentes da Amazônia, o aquecimento das águas do oceano desencadeia um mecanismo de ação similar sobre a floresta: a redução de chuvas na região, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Com isso, o início do período de chuvas, que deveria ser em novembro, vai atrasar.
A estiagem é mais grave na chamada Amazônia Ocidental, composta por Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas.
Os bancos de areia, que a cada dia que passa ficam mais visíveis e extensos, devem aumentar de tamanho com a persistência da seca. Além da navegação, os desdobramentos podem ser sentidos na pesca, na agricultura e no equilíbrio ambiental.
No mapa abaixo, a área marrom indica previsão de chuva no Norte abaixo da média nos próximos três meses.
Previsão de chuva na região amazônica — Foto: Arte/g1