Ser petista em Goiás não é fácil. Em um Estado conservador, que tem no agronegócio sua principal força econômica e também política, o campo progressista padece. Prova é que em 11 eleições para a Câmara Federal desde 1982 – a primeira em que concorreu –, o partido nunca conseguiu eleger mais do que 2 deputados federais, entre as 17 vagas que o Estado tem na bancada, nem mesmo quando esteve com a máquina federal nas mãos, nas eleições de 2006, 2010 e 2014.

De qualquer forma, o último pleito mostrou avanço: a bancada voltou a ter dois representantes em Brasília, com o primeiro mandato federal de Adriana Accorsi e a quinta reeleição de Rubens Otoni; e, na Assembleia, os petistas foram de dois para três nomes (Antônio Gomide – reeleito –, Mauro Rubem e Bia de Lima).

O teste para o crescimento do partido nas eleições gerais de 2026 passa pelos pleitos nos municípios, no próximo ano. O desafio é aumentar a representação especialmente em cidades menores no interior, uma fragilidade crônica do PT, que, não obstante o trabalho intenso da presidente estadual Kátia Maria, também vereadora por Goiânia, segue com militância concentrada na região metropolitana e nas maiores cidades, especialmente aquelas que são polos universitários, como Anápolis, Jataí e Catalão.

Para a batalha municipal, a tendência do partido é ter candidatos onde eles puderem se mostrar realmente competitivos, como é o caso de Goiânia – onde tem o professor Edward Madureira como nome mais provável – e Anápolis – colégio eleitoral onde Antônio Gomide já teve votação histórica. Para outras cidades, uma composição que fortaleça a disputa para as câmaras e “engrosse o caldo” da estrutura para 2024 já vai ser um bom negócio.

Tudo isso, no entanto, depende de um fator importantíssimo: a popularidade de Lula e a aprovação de seu governo em meados do próximo ano. Os petistas ouvidos consideram que, se a situação da economia estiver sob controle e os muitos incêndios que a base bolsonarista pretende causar até lá forem controlados, é grande a chance de uma eleição positiva para o partido como há muito não ocorre em Goiás.