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Brasil

Propaganda na TV expôs campanha anti-Marçal, periferia e padrinhos em SP

Nunes levou Tarcísio para pedir votos, e Boulos se colou a Lula no horário eleitoral

Publicada em 05/10/24 às 15:04h - 20 visualizações

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Propaganda na TV expôs campanha anti-Marçal, periferia e padrinhos em SP
 (Foto: Rádio RIR Brasil Goiânia - Direção: Ronaldo Castro - e Marcio Fernandes 62 99951- 6976)

(Folhapress) Um é cria, outro mora e uma nasceu na periferia. Quem acompanhou a propaganda eleitoral em São Paulo, que terminou nesta quinta (3) após mais de um mês de exibição no rádio e na televisão, viu e ouviu a disputa de quem teria lugar de fala no debate sobre as regiões periféricas da maior cidade do Brasil.

O espaço obrigatório e disputado por políticos teve ainda uma campanha anti-Marçal e a tentativa de reforçar apoios, com o presidente Lula (PT) presente do início ao fim da campanha de Guilherme Boulos (PSOL), e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) alçado a padrinho de Ricardo Nunes (MDB), em meio a ausência de Jair Bolsonaro (PL).

O atual prefeito da capital paulista usou a maior parte do seu tempo recorde na TV, que somou mais 40 minutos diários, para mostrar obras na cidade. Nessas cenas, a campanha adotava o lema “Ricardo Fez/ Ricardo Faz”, algo que se estendeu para as redes do político, como forma de destacar as realizações.

Com Bolsonaro hesitante em demonstrar seu apoio à candidatura emedebista, o governador de São Paulo tornou-se o principal entusiasta de Nunes e atraiu as câmeras para si. Outra estratégia da campanha à reeleição se concentrou em popularizar músicas como a que repetia “Ricardo é cria da periferia”.

Antes de inundar a propaganda com jingles grudentos, o prefeito garantiu o maior tempo de rádio e TV por meio de acordos acertados durante sua gestão. Ofereceu secretarias e cargos para siglas como o PSD e o Republicanos, que não estavam na campanha vitoriosa de 2020, que teve Bruno Covas (PSDB) como candidato e Nunes de vice.

“O tempo de horário eleitoral foi um ponto importante, mas não o único [para as alianças]”, afirma Enrico Misasi, presidente municipal do MDB. “Dominar o tempo de TV é um ativo relevante. Outro é ter a capilaridade que conseguimos com uma campanha com muitos candidatos a vereador”, afirma.

O problema é que houve debandadas nessa base. Alguns políticos que tentam vaga na Câmara Municipal esconderam Nunes nas inserções destinadas aos partidos na TV.” Encaramos sem grandes sobressaltos. Foi algo pontual, um ou outro”, diz Misasi.

O movimento ocorreu durante a maior onda de crescimento do influenciador nas pesquisas de intenção de voto, nas primeiras semanas de setembro. Nunes usou o horário eleitoral para atacar o influenciador, citado à exaustão negativamente nas peças de propaganda do candidato do MDB.

A leva de ataques fez de Marçal o segundo candidato com maior exposição na propaganda eleitoral durante três dias. Algo inusitado para alguém sem direito a tempo na propaganda eleitoral, já que seu partido não atingiu a cláusula de barreira.

Após a ofensiva, o influenciador viu sua rejeição subir, segundo o Datafolha. Na pesquisa realizada em 3 e 4 de setembro, 28% dos eleitores diziam não votar de jeito nenhum no candidato do PRTB. O índice foi subindo desde então até chegar a 56%, em pesquisa divulgada nesta quinta (3).

Com menos tempo de propaganda, cerca de 20% do total distribuído, Boulos ignorou Marçal na TV e concentrou ataques no rádio e nas redes sociais. Em contraste com Nunes, o candidato do PSOL explicitou desde a estreia do horário eleitoral o apoio do seu principal padrinho, o presidente Lula (PT).

Numa cena repetida por dias, o petista entrava na casa do candidato, no Campo Limpo, na zona sul da capital paulista. Recebido com um café da manhã, declarava apoio ao afilhado. Em outro momento, Boulos gravou uma ida a Brasília, onde, num gabinete, conversava com o petista e dizia que, se eleito, teria a colaboração do governo federal.

Segundo a consultora política Mariana Bonjour, a estratégia de se vincular à imagem de Lula pode não ter surtido o efeito esperado. Ela diz que boa parte da população não compreende o apoio de um presidente e seu significado político.

Do mesmo modo, a presença de Marta Suplicy (PT) nas propagandas não se traduziu numa expansão de seu eleitorado. Incluir outros políticos pode só trazer rejeição. “Vice atrapalha, mas não ajuda tanto”, afirma Bonjour. A vice da chapa ganhou destaque na televisão, tentando mostrar ponderação na candidatura de Boulos.

Com somente 35 segundos no horário eleitoral, José Luiz Datena (PSDB) quis reforçar sua figura marcante na TV e apareceu fazendo caminhadas e conversando com os eleitores na maioria dos programas.

Tabata Amaral (PSB), entrou na disputa com o desafio de se fazer conhecida. Em seus 30 segundos, percorreu ruas da periferia, para mostrar que havia nascido na Vila Missionária, bairro da zona sul da cidade, e que conhecia os problemas reais da população.

O professor de marketing político da ESPM Marcelo Vitorino minimiza a importância da propaganda obrigatória no rádio e TV. Ele pensa que é preciso pensar em novos modelos para o futuro. Afinal, nem todas as pessoas veem o horário eleitoral do início ao fim.

“Acho que podemos pensar em não termos mais propaganda política, mas só as inserções. As pessoas acompanham bem mais.”

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