Na semana passada, o Jornal Opção entrevistou dois pesquisadores e pediu que avaliassem a disputa pela Prefeitura de Goiânia. Como estão envolvidos em duas campanhas, pediram anonimato da fonte.
“É precisar analisar os números das pesquisas e explicar o que os eleitores estão dizendo. Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso, postulantes do PT e do PSD, aparecem, há meses, na faixa de 20% a 23%. Sandro Mabel, que entrou no páreo há pouco mais de um mês, saltou de 9% para 14% a 16%. Então, é crucial entender que os eleitores não estão se movendo nem para um lado nem para o outro. Na prática, não estão, no momento, interessados nas campanhas e tampouco nos nomes colocados. Manifestam intenção de voto, por vezes, nos mais conhecidos — casos de Adriana e Vanderlan. Mabel subiu um pouco, mas não porque passou a ser mais observado, e sim porque Gustavo Gayer saiu do pleito e parte de seus votos, que estava à deriva, foi repassada para o postulante do União Brasil”, afirma um dos pesquisadores.
Quando, de fato, os eleitores vão observar as campanhas com mais atenção? “A história das eleições de Goiânia, e até do país, sugerem que os eleitores vão observar os candidatos, com mais interesse, a partir de setembro, sobretudo depois do dia 15. Então, pode-se sugerir que as viradas, se ocorrerem, se darão em setembro”, afirma o pesquisador. “As viradas de setembro são famosas em todo o país. Os incautos dizem: ‘As pesquisas estavam erradas’. Não estavam. Os eleitores é que, a partir de determinado momento — ao observar atentamente os candidatos —, podem mudar de posição de maneira abrupta. E também podem não mudar.”
Outro pesquisador analisa, citando o futebol: “Digamos que a disputa eleitoral seja semelhante a uma Copa do Mundo de Futebol. Adriana Accorsi pegou uma chapa fraca e, por isso, ‘chegou’ mais cedo à final. Já Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso pegaram uma chapa difícil e, no momento, estão nas quartas de final. Um dele terá chance de ir à final para enfrentar Adriana Accorsi”.
O grande jogo de Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso, de acordo com o pesquisador, será disputado no primeiro turno. “O principal adversário de Vanderlan Cardoso é Sandro Mabel e vice-versa. Então, é preciso que eles entendam isto. Os dois são gestores e políticos experimentados e um deles irá para a segunda etapa. Será muito difícil os dois, por terem perfis semelhantes, irem para o segundo turno. Um vai e o outro vai ficar de fora. É a tendência.”
O primeiro pesquisador admite que Vanderlan Cardoso é forte. Porque, mesmo isolado — sem grandes apoios —, permanece empatado, em primeiro lugar, com Adriana Accorsi. “Mas a informação relevante da pesquisa não é que está em primeiro ou segundo lugar, e sim que não está subindo. Ele está estagnado. Qualquer movimento de Mabel para cima, a partir de setembro, será às custas do eleitorado do candidato do PSD, que tende a ser puxado para baixo. Frise-se que estou falando de tendência, pois, ao fazer a análise, ainda não combinei com os russos, quer dizer, com os eleitores”.
O outro pesquisador sugere que, apesar dos números ainda não favoráveis, Sandro Mabel “é o favorito para disputar o segundo turno com Adriana Accorsi. Mabel é gestor e o fato de ser ‘desconhecido’, longe de prejudicá-lo, pode lhe ser favorável, pois irá sendo conhecidos aos poucos, por suas virtudes, como a de empresário bem-sucedido e de político experimentado, desses que sabem buscar os recursos necessários para desenvolver a cidade. E é preciso acrescentar que o candidato do União Brasi conta com o apoio de um exército eleitoral poderoso. Não há outro igual. Pode-se sugerir que o exército de Mabel é superior a todos os outros juntos”.
Televisão será um divisor de águas
O pesquisador sênior, o primeiro a falar neste texto, afirma que “os eleitores, ao contrário do que muitos pensam, prestam bastante atenção aos programas dos candidatos na televisão. O horário gratuito na TV será um divisor de águas. Os programas na televisão têm mais impacto do que as redes sociais. As redes sociais funcionam para candidatos espalhafatosos e avessos à verdade como Pablo Marçal, mas não para políticos tradicionais e comportados, como Adriana Accorsi, Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso. Então, a tevê será decisiva”.
Por não ter percepção de que a televisão é mais importante (do que as redes sociais) para um candidato a prefeito, Sandro Mabel brigou com seu pessoal de marketing. O pessoal do marketing político não estava muito interessado no TikTok e o postulante do União Brasil estava e está.
Os dois marqueteiros concordam num ponto: a entrada direta do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, tende a desequilibrar o jogo, fortalecendo Sandro Mabel. O líder do União Brasil é o político mais popular em Goiânia.
“Quando os eleitores identificarem Mabel com Caiado, o que ocorrerá em breve, postulo que ele poderá chegar a 25% — superando Vanderlan Cardoso e, quem sabe, Adriana Accorsi”, afirma o pesquisador sênior.
E o segundo turno? O pesquisador mais jovem aconselha: “Não se deve subestimar Adriana Accorsi, que é mais forte do que o PT, porque não parece ter a ver com o figurino tradicional do petista, por ser moderada e agregadora. Mas, na hipótese de segundo turno, Mabel, por contar com uma estrutura ampla, com a tendência de absorver o apoio do bolsonarismo do deputado federal Gustavo Gayer e de Fred Rodrigues, tende a superá-la”. (E.F.B.)