Na hora de escolher o próximo prefeito, o eleitor vai apostar no bom senso, e não no mimimi das redes sociais
Marcus Vinícius de Faria Felipe
As eleições municipais vão arrefecer o discurso de ódio que tem sido a tônica da política, desde que o lavajatismo provocou o impeachment da presidenta Dilma Roussef e a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
O que digo pode ser contraditório, pois o bolsonarismo ainda tem forte presença na política brasileira, sobretudo aqui, na nossa região Centro-Oeste. Mas, apesar de ser representativo, o bolsonarismo não é hegemônico, ou seja, não tem maioria para eleger sozinho seus candidatos nos municípios e nas capitais.
Tem mais. Bolsonaro não é candidato. Quem vai disputar as eleições são lideranças políticas locais, que estão mais vinculadas às questões do seu município, do que com o contexto nacional.
O bolsonarismo-raiz daquele eleitor ideológico, que segue o ex-presidente em tudo, representa quanto do eleitorado? 10%, 12%? É claro que este porcentual não é suficiente para vencer uma eleição em Anhanguera ou na Capital, Goiânia. Fica claro que, sem alianças, o bolsonarismo não é nada em Itapuranga, Goianésia, Carmo do Rio Verde, Aparecida de Goiânia, Rio de Janeiro, Fortaleza, São Paulo e em lugar nenhum.
A eleição municipal sempre foi e sempre vai ser balizada pelos temas locais, portanto, o discurso de fiscal de costumes, que muitos bolsonaristas adoram postar nas redes sociais, não será suficiente para fazê-los vencedores no pleito municipal.
Dito isso, entendo como um tremendo equívoco notícias de vem de Anápolis, Aparecida de Goiânia, Jataí ou Goiânia de candidatos jactando-se como “candidatos da direita” ou “candidatos de Bolsonaro” nestes municípios.
“Ah, então você quer dizer que eles estão fadados a perder por que são bolsonaristas ?”
Não. O que eu digo é que este discurso simplista não é suficiente para vencer a disputa.
Assim como também não é suficiente ser “o candidato do Lula” para ganhar a eleição em qualquer cidade do país.
Eleitor de olho no lixo e na saúde em Goiânia e Anápolis
As dificuldades administrativas do prefeito Rogério Cruz, em Goiânia, e do prefeito Roberto Naves, em Anápolis, já produziram respostas nas pesquisas quantitativas e qualitativas, onde o eleitor reclama da qualidade dos serviços prestados nestas gestões. No caso de Goiânia a reclamação é sobre os serviços de coleta de lixo, que deixam a desejar em vários bairros; em Anápolis, o calcanhar de Aquiles é a saúde.
Quem vai disputar nestas cidades tem que convencer o eleitor de que sua proposta de trabalho é factível e que tem condições de fazer uma boa gestão. Simples assim.
Portanto, não adianta “ser o candidato da direita” em Anápolis, “juntar o bolsonarismo em Jataí”, representar o “imbrochável e incomível” em Rio Verde, se o candidato não reunir as qualidades que o eleitor entende serem necessárias para ser prefeito destas cidades.
Lula e Caiado
Neste ano de 2023 a economia brasileira fecha com 3% de crescimento do PIB, desemprego abaixo da casa dos 7% e uma sensação visível de queda da inflação, com impacto direto para a população mais pobre, que experimentou um consumo maior dos itens da cesta básica, em comparação com o ano de 2022. O preço dos alimentos, com destaque para carne bovina registrou forte queda, em relação ao ano passado, e os combustíveis estão bem mais baratos do que em 2022. Não que esteja tudo às mil maravilhas, mas houve um respiro. A renda parou de cair, e há sinais de recuperação da capacidade de compra neste e para os próximos anos.
O Ano Novo promete ser melhor, pois investimentos iniciados pelos governos municipais, estaduais e federais, vão impactar fortemente a população. Isto, sem dúvidas, vai ter influência nas eleições.
É correto dizer que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o presidente Lula (PT) serão os portadores das boas notícias em 2024, e portanto, ambos se convertem em bons cabos eleitorais para os candidatos dos partidos que compõe suas respectivas bases aliadas.
Bolsonaro está inelegível, seus aliados não vão bem em Minas Gerais e em São Paulo, com os governadores Zema e Tarcísio sendo mal avaliados, e o recém empossado presidente da Argentina, Javier Milei já demonstra que é um desastre.
O eleitor vai chegar em outubro de 2024 comparando tudo isto, e vai botar na urna o número do candidato a prefeito que melhor demonstrar condições de governar.