Uma operação do Instituto Água e Terra (IAT), vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável, confirmou um grande crime ambiental na região dos Campos Gerais, no estado do Paraná. Durante duas sessões de sobrevoo, que duraram quatro horas cada, foram verificados 48 pontos de desmatamento ilegal, resultando na perda de uma área equivalente a 462 campos de futebol, ou 462,83 hectares, principalmente de vegetação nativa, que foi substituída por pastos para criação de gado.
A operação resultou em 100 autos de infração, que totalizaram R$ 3,66 milhões em multas, além da interdição completa das áreas para qualquer atividade econômica e a obrigatoriedade de regenerar o que foi desmatado. Os maiores focos de desflorestamento foram identificados em Ortigueira e Castro. O balanço final da operação foi divulgado nesta terça-feira (9) pelo escritório regional do IAT de Ponta Grossa.
“Usamos o helicóptero para chegar aos locais de desmatamentos apontados pelo satélite. Foram 48 pontos de dano ambiental apenas nesta operação, pelas 11 cidades que passamos. Agora, os proprietários precisam quitar a pendência financeira e elaborar um plano de atuação para recuperar a área degradada”, afirmou o chefe da regional do IAT de Ponta Grossa, Ivan Loureiro. “Seguimos atentos, atendendo mais processos, como forma de frear esses desmatamentos”.
O IAT, em parceria com o Batalhão da Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA), realiza fiscalizações aéreas por todo o estado do Paraná desde outubro de 2020.
A equipe realiza sobrevoos com helicóptero Falcão 09, para atender aos 21 escritórios regionais do IAT espalhados pelo estado, cujas coordenadas são definidas pelos chefes de cada regional após consultas no MapBiomas e laudos técnicos produzidos pelo Núcleo de Inteligência Geográfica e da Informação (NGI) do IAT.
Os documentos emitidos pelo NGI contêm informações sobre a legalidade do desmatamento, se havia autorização, se já houve autos de infração ambiental lavrados no local, domínio do imóvel, forma de acesso, características da vegetação original, data e área do desmate, sobreposição com áreas especialmente protegidas e de preservação permanente.
O material também aponta agravantes, como o uso de fogo e a presença de espécies especialmente protegidas, o que impacta diretamente no valor da multa.
O monitoramento ocorre através das plataformas Mapbiomas e Global Forest Watch, que emitem alertas.
As imagens de satélite utilizadas, além das disponíveis no Google Earth, são as PlanetScope, com resolução espacial de 3 metros e que são capturadas diariamente.
A engenheira florestal e responsável técnica pelo NGI, Aline Canetti, destaca que os laudos são enviados para os escritórios regionais para a lavratura de autos de infração ambiental remotos, com todas as informações técnicas necessárias para dar segurança e embasamento à lavratura. “Isso fortalece as ações preventivas do órgão, uma vez que é possível interromper o desmatamento enquanto ainda está ocorrendo”, acrescentou.
Em 2022, o IAT emitiu 3.411 autos de infração por danos à flora em todo o Paraná, com R$ 94,8 milhões em multas.