A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (2). Os agentes estiveram no apartamento funcional da parlamentar e em seu gabinete, em Brasília. A ação inclui ainda a prisão de Walter Delgatti Neto, conhecido como “hacker de Araraquara” e outros três mandados de busca e apreensão (três no Distrito Federal e dois em São Paulo).
A operação tem como objetivo esclarecer depoimento de Delgatti à PF, em que revelou ter invadido o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando de Carla Zambelli.
Na invasão cibernética entre os dias 4 e 6 de janeiro, o hacker teria inserido documentos e alvarás de soltura falsos. Entre eles, um mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros 11 alvarás de soltura, igualmente falso, de presos por diversos motivos.
Para as inserções fraudulentas, foram utilizadas credenciais falsas, obtidas de forma ilegal. Isso permitiu acesso remoto dos sistemas. Por isso os fatos investigados configurariam, em tese, crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Delgatti diz que Bolsonaro ordenou que ele invadisse urnas eletrônicas
Segundo o jornalista Joaquim de Carvalho, do Brasil 247, Delgatti Neto teria afirmado à PF que teria se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E que no encontro o então mandatário havia lhe pedido para invadir as urnas eletrônicas, e assim provar que eram falhas. Além disso, teria tido uma outra conversa entre ambos, dessa vez por meio de “celular novo, tirado da caixa”, durante encontro com Carla Zambelli em um restaruante na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. O hacker, no entanto, não conseguiu cumprir a missão.
Bolsonaro teria pedido também para Delgatti assumir uma gravação clandestina, que ele teria do ministro Alexandre de Moraes. A suposta gravação faria parte de um eventual plano envolvendo o senador afastado Marcos do Val (Podemos-DF) e o ex-deputado Daniel Silveira.
Delgatti também teria dito que recebeu em sua conta depósitos feitos por assessores de Carla Zambelli. Isso poderia comprovar o vínculo entre os dois. Mas haveria ainda um montante pago em dinheiro vivo.
O ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino comentou a operação nas redes sociais. “Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições”
Redação: Cida de Oliveira, com informações da Fórum.