O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, anunciou nesta quinta-feira (27) a exoneração de mais 58 servidores da pasta. As demissões serão oficializadas no Diário Oficial de hoje. Ontem, o GSI já havia dispensado 29 servidores, a maioria militares, incluindo três dos quatro secretários nacionais do órgão. De acordo com o ministro, a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “acelerar” a renovação dos quadros do gabinete.
Além disso, Cappelli também anunciou que vai editar portaria para exigir a comprovação das vacinas contra a covid-19 para todos os servidores do GSI. “Quem mantém contato com o presidente da República deve cumprir o que orientam as autoridades sanitárias”, disse o ministro, pelas redes sociais.
Cappelli assumiu o GSI no lugar do general Gonçalves Dias, que pediu demissão após divulgação pela CNN Brasil de imagens suas circulando no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. O general aparece atônito, ao final da invasão, quando criminosos estavam sendo presos e retirados do local. Outro servidor aparece dando água aos invasores. Para o ministro da Justiça, Flávio Dino, o próprio vazamento das imagens é obra de “bolsonaristas” do GSI.
CPMI
A divulgação dessas imagens precipitou a criação da CPMI dos atos golpistas no Congresso Nacional. A oposição tenta apontar uma suposta conivência do governo Lula no dia da invasão. Contudo, a proteção às instalações do Legislativo, Executivo e Judiciário é uma atribuição do governo do Distrito Federal. O ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres – ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro – está preso desde janeiro, suspeito de conivência e omissão durante os atos golpistas.
Por outro lado, naquele momento, o GSI comandado por GDias era um antro bolsonarista. Isso porque o então ministro ainda não havia iniciado a “renovação”, tocada agora por Cappelli O órgão havia sido comandado pelo general Augusto Heleno na gestão anterior, um dos ministros mais ligados a Bolsonaro.
Nesse sentido, tanto GDias como Heleno terão que se explicar à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que aprovou hoje a convocação de ambos. Do mesmo modo, os generais devem ser um dos primeiros alvos da CPMI no Congresso, que ainda não foi efetivamente instalada.
Por outro lado, no último domingo (23), nove servidores do GSI que apareceram nos vídeos prestaram depoimento à Polícia Federal (PF).